Com 60.165 e 88.931, a americana Gabriell Douglas e o japonês Ryohei Kato venceram a American Cup 2016. O campeonato, que tradicionalmente acontece todo começo de ano e se tornou uma competição oficial da FIG a alguns anos, há tempos não é vencido por uma ginasta de outra nacionalidade. No masculino é mais comum que ginastas de outros países vençam. A competição contou com a participação brasileira de Lucas Bittencourt e Lorrane dos Santos.
Apesar de ter vencido e estar no começo da temporada, Kato não teve uma performance brilhante. Apontado pelo próprio Uchimura como um possível substituto de sua hegemonia no futuro, teve um somatório que precisa ser melhorado para um maior destaque no individual geral mundial. No Mundial no ano passado nem competiu em todos os aparelhos, sendo que a segunda vaga japonesa na final foi conquistada por Kazuma Kaya.
A competição de hoje seria facilmente vencida por Donnell Whittenburg, que teve uma queda na barra fixa e nota muito baixa no cavalo com alças, finalizando em segundo lugar. Esse ginasta tem muito potencial para uma medalha individual, mas deve investir todas as suas forças na melhoria do cavalo. Sua série tem uma boa nota de partida, mas é cheia de errinhos de execução e falta de dinamismo. A linha corporal do ginasta, que é muito forte, também não ajuda, deixando a série um pouco feia.
Wei Sun, jovem ginasta chinês que completa 21 anos esse ano, teve sua chance de competir pela forte equipe chinesa e não decepcionou, terminando com o bronze. Teve erros no solo e uma série de argolas com muitos defeitos a serem melhorados, algo estranho para um chinês. Sun tem dificuldades na manutenção de postura em todos os exercícios estáticos, ficando bem menos que 2s em alguns. As argolas balançam muito e a falta de preparo físico nesse aparelho é clara. Sam Mikulak, estrela americana que já inclusive venceu esse campeonato no passado, mais uma vez não conseguiu manter a regularidade e teve quedas no cavalo com alças e na barra fixa. A maioria dos erros desse ginasta, que está voltando de lesão, acontecem sempre nesses mesmos aparelhos.
Na competição feminina, Douglas não teve dificuldade alguma na conquista do título. Desde o treino de pódio era claro a superioridade dela e de sua compatriota Maggie Nichols com relação às outras. Logo no começo da temporada, a ginasta conseguiu um somatório maior que o conquistado no Mundial passado, quando ficou com a prata no individual geral atrás de Simone Biles. Os 60.165 conquistados hoje foram bem próximos dos 60.399 conquistados por Biles em Glasgow, mostrando potencial em ambas para a conquista de uma medalha olímpica.
Nichols cada vez mais se aproxima das Olimpíadas. Mantendo a regularidade que apresenta e boa execução, é improvável que fique fora da equipe americana que competirá no Rio. A ginasta teve o melhor solo do dia e acabou com a segunda melhor nota nos outros 3 aparelhos. Além da segurança apresentada, é provável que a ginasta ainda conquiste alguns upgrades nas suas séries até o US Trials, que acontecerá em julho. Vale lembrar que ainda tem um amanar no salto que pode ser usado para garantir ainda mais essa vaga, que é praticamente certa.
A canadense Elsabeth Black, atual campeã pan-americana, competiu bem apesar de não ter apresentado seu salto e solo mais difíceis. Sabe-se que a ginasta treina um duplo com dupla no solo e já apresentou um duplo esticado em competições, mas parece não ter fôlego para acrescentar mais uma diagonal em sua série, o que faz com que acabe contando com um elemento de dança ou acrobático de valor C. No salto ainda possui uma reversão com pirueta e meia, sendo que hoje apresentou apenas uma pirueta. Black sem dúvidas teria tido a maior nota de trave da competição não fossem 3 desequilíbrios consideráveis que teve durante a série, responsáveis por um total de - no mínimo - 0,7 de descontos.
Amy Tinkler representou a Grã-Bretanha e apresentou muitas coisas interessantes, mostrando que também pode ser uma ginasta importante para sua equipe nas Olimpíadas. Nas barras, conseguiu uma ligação de voos de maloney + tkachev, que bonifica em 0,2; na trave, ligou 3 layouts diretamente, bonificando 0,3 nessa sequência! A italiana Carlotta Ferlito parece estar na melhor fase da sua carreira, demonstrando muita segurança e artisticidade no solo e trave. Ferlito parece ter amadurecido e o único erro cometido hoje foi na saída das barras assimétricas, onde teve uma queda.
Participação do Brasil
Lucas Bittencourt e Lorrane dos Santos pontuaram 76.998 e 50.298 e terminaram ambos em último lugar. Hoje não foi um bom dia de competição para nenhum dos dois. Acertaram apenas uma de suas séries: Lorrane no salto e Lucas nas argolas.
Apesar do início de temporada, não é um bom momento para tantos erros, mais ainda para Lorrane, esperança de integrar e ajudar a equipe brasileira, tanto no Evento Teste como nos Jogos do Rio. Uma competição como a de hoje no Evento Teste seria algo desastroso para a equipe. Os pontos altos das suas performances foram a manutenção do yurchenko com dupla pirueta no salto e a nova série de assimétricas, que tem uma nota de partida um pouco mais alta mas, ao mesmo tempo, uma mudança de estrutura que, nesse momento, requer muita calma e segurança para uma boa adaptação.
Lucas está com um físico muito diferente e essa pode ter sido a causa de tantos erros. O ginasta está mais forte (consequentemente mais pesado) e é normal que erre durante o tempo de adaptação dessas mudanças corporais. O mais interessante demonstrado hoje foi a nova série de barra fixa, que conta com um giro num braço só. Lucas foi muito importante nesse ciclo e um dos ginastas mais regulares no último Mundial, com performances que colaboraram muito para a classificação olímpica. Ainda fora do auge da sua ginástica, Lucas tem muito para evoluir, e com a boa postura e linha corporal que tem, as chances de vê-lo em ação nos Jogos de Tóquio são bem maiores do que nos Jogos do Rio.
Resultados completos: masculino e feminino.
Post de Cedrick Willian
Foto: USA Gymnastics
Không có nhận xét nào:
Đăng nhận xét