Desde os Jogos Olímpicos de Sidney, a seleção brasileira feminina não teve uma participação tão ruim em uma edição dos Jogos Olímpicos como há quatro anos atrás em Londres. Ao menos em Sidney, mesmo com a participação de apenas duas ginastas, Daniele Hypólito se classificou para a final individual geral conquistando o 20º lugar, até então a melhor colocação de uma brasileira numa final olímpica.
Depois disso, teve ótimas participações em 2004 e em 2008, mas foi depois de quase ficar fora dos Jogos de Londres e finalizar a edição em último lugar e sem nenhuma final é que o Brasil foi acordar para uma atualização urgente e necessária para a ginástica feminina.
A sede dos Jogos de 2016 já estava definida e o Brasil não queria fazer feio em casa: uma ginástica moderna - se é que esse é um adjetivo que deveria ser usado para a ginástica, mas no caso do Brasil pode ser que caiba muito bem - é o alicerce da seleção feminina, que chega em 2016 com sua melhor equipe. Com muito talento reunido e séries que exploram o potencial individual de cada ginasta, assim como o código de pontuação, o Brasil pode fazer dos Jogos do Rio uma de suas melhores competições.
CHANCES REAIS
Rebeca Andrade
Mesmo voltando de uma séria lesão, Rebeca se recuperou a tempo de uma boa participação olímpica. O susto foi grande mas a superação foi maior: a ginasta está fisicamente bem e recuperou quase todos os exercícios que fazia antes da lesão, apresentando uma melhora nas barras assimétricas. De acordo com as séries que vem treinando, tem chances de se classificar para a final do individual geral e terminar entre as 15 primeiras no solo e barras assimétricas.
Flávia Saraiva
Flávia é a segunda ginasta individual geral da equipe e também deve estar, ao lado de Rebeca, na final individual geral. Flávia também tem chances de conseguir uma vaga na final de trave e terminar entre as 8 melhores. Esse seria o melhor resultado do Brasil nesse aparelho, que até hoje nunca teve uma finalista olímpica. Com muita graciosidade, pode finalizar entre os 15 melhores solos da competição.
Equipe
Sem dúvidas essa é uma equipe que tem chances de conquistar uma vaga na final olímpica. No salto, temos um amanar e três yurchenkos com dupla pirueta . Na trave, a média das notas de dificuldade gira em torno de 6 pontos. Nas assimétricas, o terror passou e temos, no mínimo, uma série para mais de 14 pontos. No solo finalmente contamos com elementos de dança de valor D: no ciclo passado elementos de valor B ainda contavam na série!
O QUE PODE ACONTECER?
Rebeca Andrade
Rebeca tem condições de terminar entre as 10 primeiras ginastas no individual geral e superar a melhor marca olímpica que o Brasil tem nessa final, uma 10ª colocação da ginasta Jade Barbosa em 2008 na China. Cravando a série, tem chances de conseguir uma vaga na final de solo, segunda brasileira a conseguir o feito. A ginasta ainda pode homologar o duplo mortal com uma pirueta e meia, exercício inédito em competições oficiais da FIG e que ela já apresentou em uma competição internacional.
Flávia Saraiva
Não seria impossível para Flávia também terminar entre as 10 primeiras no individual geral. Apenas sua série de barras assimétricas apresenta nota entre 13 e 14 pontos, podendo compensar a nota "baixa" com ótimas séries de solo e trave. Um resultado mais importante do que esse seria uma medalha na trave, algo completamente possível de acontecer. Alexandre Cuia, treinador de Flávia, já disse em entrevistas que pretende tentar uma final de solo, e para isso alguns upgrades deveriam ser feitos na série. Sabe-se que o duplo mortal esticado está pronto para competir e ela ainda treina a sequência de flic sem mãos + tripla pirueta.
Jade Barbosa
Ainda não se sabe se Jade fará ou não todos os aparelhos nos Jogos, ficando a dúvida apenas no solo. Apesar de não ser seu principal aparelho, tem uma quantidade boa de acrobacias e sequências que poderiam ser utilizadas. Fazendo o individual geral, Jade pode conseguir uma das duas vagas brasileiras na final? Talvez. Muito firme na trave, no Mundial de Glasgow foi a segunda reserva da final e melhor brasileira nesse aparelho.
Daniele Hypólito
A Daniele versão 2016 é a mais parecida com a Daniele versão 2001. Desde o ciclo 2000-2004 a ginasta não esteve tão em forma. Suas séries voltaram a ser competitivas e ajudam muito a equipe. Para competir no Rio teve que se reinventar e conseguir o que era preciso para, com 31 anos, superar as "new seniors" e se manter na equipe principal. Atualmente, sua maior nota de partida é na trave de equilíbrio, aparelho difícil para uma precisão concisa independente de quem está competindo. Cravando a série de sua vida, pode conquistar uma nota em torno de 14,400 que, dependendo do desempenho das favoritas, pode colocá-la na final ao lado de Flávia Saraiva.
Equipe
O Brasil tem tudo para fazer uma boa competição na final. Com a Rússia desfalcada e cheia de lesões, vários países estão de olho no bronze. Sonhar com o bronze é algo muito grande, mas terminar entre as 5 melhores equipes é possível. Atualmente, nenhuma outra equipe apresenta a firmeza da equipe americana, que está com o ouro praticamente garantido. Depois os Estados Unidos, a vantagem está a favor da China, que pode contar com alguns erros e ainda ficar com a prata. Rússia, Grã-Bretanha, Itália, Brasil, Canadá e Japão estão numa competição mais ou menos assim: quem errar menos tem o melhor resultado. É na torcida pelos acertos do Brasil e no histórico de inconsistência russa e britânica que um ótimo resultado pode acontecer.
RESULTADOS A SEREM BATIDOS
A melhor apresentação da seleção feminina do Brasil nos Jogos Olímpicos foi em 2008, quando conquistou 4 finais, sendo duas ginastas no individual geral. Confira!
8º lugar na final por equipes
7º lugar na final de salto com Jade Barbosa
6º lugar na final de solo com Daiane dos Santos
10º e 22º lugares na final individual geral com Jade Barbosa e Ana Cláudia Silva.
Faltam 12 dias para as classificatórias femininas dos Jogos do Rio!
Post de Cedrick Willian
Foto: Ivan Ferreira / Gym Blog Brazil