Depois da lesão séria que teve no joelho no ano passado, ficou uma grande dúvida se Rebeca Andrade voltaria, pelo menos, ao nível técnico que tinha antes. O treinamento e as séries estavam em um nível crescente e muito alto, que colocava a ginasta como peça principal no Mundial de Glasgow, tanto para a conquista da vaga olímpica como para possíveis medalhas individuais.
Entretanto, como a recuperação era lenta e difícil, o Mundial estava perdido, mas outra dúvida consumia a todos: será que vai dar tempo de Rebeca se recuperar antes dos Jogos? Ela vai poder ajudar a equipe? Claro que, sem a lesão, ela estaria em um nível muito melhor do que se encontra agora, mas é impossível negar que é uma grande surpresa ela voltar com tudo que está apresentando hoje, praticamente o mesmo nível técnico de julho do ano passado.
A ginasta já voltou a saltar o amanar, algo surpreendente por si só. Nem Aliya Mustafina conseguiu voltar com esse salto depois de se lesionar como Rebeca, e a nossa ginasta já está saltando com uma certa facilidade. Na trave, perdeu um pouco da dificuldade que tinha, mas com uma série inteligente e muito firme consegue tirar notas acima de 14 pontos. Nas assimétricas, melhorou o nível de dificuldade: está ligando o pak com o van leween como se fizesse há anos. A dúvida de todos ainda era o solo, onde a ginasta poderia ter uma chegada perigosa por falta de resistência e fôlego.
E é nesse último aparelho que Rebeca pode voltar a ter uma série competitiva antes dos Jogos começarem. No treino de anteontem, no CEGIN em Curitiba, a ginasta apresentou uma série de solo com dois tsukaharas grupados: um na primeira e outro na terceira passada. As outras diagonais foram de dupla e meia de costas + pirueta de frente e duplo carpado na última. Treinando na chegada macia, fez o tsukahara com meia volta, indicando que o exercício pode entrar na série e ainda levar seu nome se executado corretamente nos Jogos.
Ainda nesse treino, foi a única ginasta a não cair na trave de equilíbrio, apresentando todas as sequências com segurança e um duplo carpado de saída muito alto. Também foi bem firme no salto e nas assimétricas, mostrando que pode sim continuar lutando por uma ótima posição no individual geral olímpico, além, é claro, de ajudar a equipe a conseguir uma colocação histórica.
Treino das outras ginastas
Daniele Hypólito se mostrou muito consistente na trave e caiu apenas uma vez na entrada de dois layouts. Ligou a sequência de mortal esticado ligado a um wolf jump e treinou uma sequência de duas estrelas sem mãos. No solo, treinou o duplo esticado, as duas sequências de piruetas e o duplo carpado vindo do flic sem mãos, mostrando que essas podem ser as acrobacias de sua série.
Flávia Saraiva demorou um pouquinho a pegar ritmo na trave e depois acertou a série inteira. No solo, está com a mesma série de Anadia, mas fez vários duplos esticados depois da série. Jade Barbosa apresentou o duplo esticado na primeira passada da série de solo, flic sem mãos + tsukahara na segunda passada, pirueta e meia+ pirueta na terceira e terminou de duplo carpado. Fez séries de trave consistentes e ligou o mortal para frente com wolf jump e o giro de pernas C com o giro simples, duas ligações de um décimo. Nas assimétricas, está com a série bem firme e apenas com o tkatchev um pouco baixo.
Lorrane dos Santos fez um treino normal, com todas as coisas que já vinha apresentando e uma melhora nos lançamentos à parada nas assimétricas. Julie Kim treinou trave, paralela e algumas acrobacias no fosso. Milena Theodoro fez uma série interessante nas assimétricas, com ligação de maloney + pak e giro de solo + van leween, além de um jaeger.
Post de Cedrick Willian
Foto: Ivan Ferreira / Gym Blog Brazil
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